34 ANOS SEM EGON SCHADEN

O dia 16 de setembro de 2025 marca os 34 anos da morte do Professor Egon Schaden, ocorrida nesta data em 1991. Nascido aos 4 de julho de 1913, Egon Schaden contava na época com 78 anos. Seu falecimento foi consequência de um acidente de trânsito e interrompeu uma longa carreira marcada por inúmeras realizações no campo da Antropologia – especialmente dedicada ao ensino, à pesquisa e à cooperação científica internacional.

Na Alemanha, terra natal de seu pai Francisco Schaden e de outros ancestrais, Egon Schaden deixou profundas marcas por onde passou, especialmente nas universidades onde foi professor visitante. Na cidade de Marburg, a cerca de 70 quilômetros de Frankfurt, vive ainda Mark Münzel, seu ex-aluno na Universidade Frankfurt am Main, que conversou longamente em um restaurante local com os antropólogos brasileiros Pedro Martins e Tânia Welter. Münzel, segundo relatou na ocasião, teve sua vocação antropológica despertada por Schaden e veio ao Brasil ainda muito jovem para fazer sua iniciação com um trabalho de campo entre indígenas do centro do país. Seu tutor brasileiro era um notável antropólogo do Rio de Janeiro que o orientou para a realização do trabalho de campo e facilitou seu acesso ao grupo estudado. Na volta do campo, Münzel entregou ao tutor um manuscrito sobre o grupo indígena que foi lido e anotado pelo seu protetor. A conclusão do antropólogo brasileiro, no entanto, foi de que Münzel não possuía a qualificação básica para o que se propunha e que o texto não se prestava à divulgação. Com humildade, o jovem alemão foi a São Paulo despedir-se de Egon Schaden antes de voltar à Alemanha. Schaden, no entanto, quis ler o texto de Münzel e não apresentou objeções à avaliação do colega do Rio de Janeiro. No entanto, fez muitas anotações no texto e propôs uma edição completa do conteúdo ao fim da qual o declarou apropriado para publicação – o que foi efetivamente realizado. Além disso, Schaden declarou a Münzel que ele havia criado uma maneira nova e original de abordar a cultura do grupo indígena em questão. Mark Münzel se tornou antropólogo e catedrático da Universidade de Marburg. Lá orientou Mona Suhrbier, que também veio ao Brasil estudar a Cultura Guarani e se tornou curadora do Museu das Culturas do Mundo (Weltkulturen Museum) em Frankfurt onde conserva acervo enviado por Egon Schaden e desenvolve pesquisa a partir dele. Mona Suhrbier, por sua vez, orientou Arno Holl, que veio ao Brasil também fazendo experiência acadêmica e continua sua carreira antropológica na Alemanha. Com este exemplo simples mas singular, demonstra-se um pequeno evento da influência de Egon Schaden na Antropologia – seja da Alemanha, seja do Brasil ou de tantos outros países por onde andou e ajudou a transformar vidas, como é o caso de Leon Cadogan, do Paraguai. Na conversa de restaurante, em Marburg, Mark Münzel concluiu o relato sobre sua experiência iniciática na Antropologia com uma pequena frase, aparentemente óbvia, que é muito apropriada para esta ocasião: “Assim era Egon Schaden”.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked*